SIM Galeria apresenta Vertigo
Com curadoria de Denise Gadelha, mostra que reúne artistas nacionais e internacionais abre dia 13 de Março, em Curitiba
Sintoma de descompasso, quando os dados processados pelo cérebro divergem das sensações captadas pelos sentidos, a vertigem provoca no indivíduo a impressão de que tudo ao seu redor está a ponto de dissolver; como se faltasse solidez ao ambiente externo. Vertigo, em português vertigem, é o título da nova exposição coletiva da SIM Galeria, que será aberta no dia 13 de Março, às 19h, e tem curadoria da mestre em poéticas visuais, Denise Gadelha. Em paralelo a abertura da exposição, a galeria realiza o lançamento do livro Snow Management Complex, editora JRP Ringier, que reúne oito séries fotográficas do artista suíço Jules Spinatsch, que também tem obras na exposição. O livro é resultado de 12 anos de trabalho do artista a cerca dos Alpes Suíços.
De acordo com Gadelha, no campo estético, a vertigem é frequentemente associada a representações em que estímulos visuais ambíguos desafiam a interpretação do olhar. Quando figura e fundo pulsam alternadamente. Entretanto, para além da abordagem de caráter mais fisiológico, a escolha das obras sugere alegorias à vertigem também no âmbito psicológico ou social. “Testemunhamos uma era em que a humanidade está inundada pelo oceano polifônico das informações compartilhadas em rede. A conexão com esta teia coletiva insere percepções de outros tempos e espaços no seio da vivência do agora. Há muito para ver, saber, digerir”, afirma.
Já na fachada da galeria (veja fotografia), um panorama fotográfico de Jules Spinatsch, composto por aproximadamente 4 mil fotos convida os transeuntes a entrar em um universo em que o ilusionismo espacial da imagem parece estar integrado à arquitetura.
Dentro da galeria, o hall em semipenumbra é iluminado apenas por lâmpadas ultravioletas que fazem parte da instalação do artista japonês Isao Hashimoto. A obra apresenta um mural, que lista todas as explosões atômicas entre 1945 e 1998, contabiliza e posiciona cada uma delas no mapa global. Do lado oposto, a pintura Silber M.2c (Porsche) da alemã Katinka Pilscheur, feita com aplicação manual de camadas uniformes de tinta automotiva, contrasta com o trabalho do português Miguel Palma, uma obra resultante dos resíduos químicos expelidos pelo escapamento de um automóvel. “Enquanto em Silber M.2c (Porsche) a alusão ao carro oferece um simbolismo associado à sedução material que alimenta constantemente o desejo de consumo, a pintura catalítica de Miguel Palma pode sinalizar um enfoque mais literal em relação à vertigem causada por intoxicação”, elucida a curadora.
Por outro lado, a participação de Eduardo Kac, artista que inseriu seu próprio DNA em flores transgênicas, suscita a discussão a respeito dos limites criadores do ser humano. Aqui a vertigem advém da constatação de que a ciência evoluiu a ponto de confiar aos homens poderes que até então eram restritos à divindade.
Já os dois artistas mais jovens da mostra, Luiz Roque e Ivan Grilo, constroem ficções com narrativas visuais que reanimam personagem históricos; desde a ode xamânica ao Amilcar de Castro no caso de Roque, à lenda nebulosa sobre o Príncipe Dom Sebastião, neto do Rei Dom João III, lembrada por Grilo. Invocando ícones do passado os jovens artistas manipulam a matéria plástica da historia e se incluem naquilo que formará parte do legado futuro.
“Vertigo associa a disfunção sensorial responsável por notificar a posição do corpo à mediação psicológica, que orienta as ações do individuo na coletividade”, abrevia a curadora. A exposição fica completa com as obras do pintor e escultor, Luiz Zerbini artista brasileiro surgido na geração 80, trabalhos do paulistano Nuno Ramos, além do paranaense Odires Mlászho o inglês, Darren Almond, artista contemporâneo, que além de fotografias também faz vídeos, instalações e esculturas, e a paulista Carmela Gross, que apresenta na mostra um conjunto com seis obras.
Vertigo
Curadoria: Denise Gadelha
Artistas: Carmela Gross; Darren Almond; Eduardo Kac, Isao Hashimoto; Ivan Grilo ; Jules Spinatsch; Katinka Pilscheur; Luiz Roque; Luiz Zerbini; Miguel Palma; Nuno Ramos e Odires Mlászho.
Local: SIM Galeria — Alameda Presidente Taunay 130 A, Batel – Curitiba (PR)
Data: De 13 de Março a 19 de Abril
De terça a sexta das 10h às 19h. Aos sábados, das 10h às 18h.
Sobre a SIM Galeria: Tradicional entusiasta da arte, em Curitiba, a família Simões de Assis apresenta a SIM Galeria. Voltada para as manifestações contemporâneas de arte, a iniciativa funciona em um prédio anexo à Casa de Pedra (Al. Presidente Taunay, 130A – Batel) e é dirigida pelos irmãos Guilherme e Laura Simões de Assis.