JUAREZ MACHADO INAUGURA SEDE DE INSTITUTO INTERNACIONAL

 O artista Juarez Machado inaugura sede de instituto internacional O novo espaço, que vai funcionar como um centro de promoção das artes em geral, além de museu do artista, será inaugurado no próximo dia 25 de Novembro, em Joinville – SC, com abertura de uma exposição inédita inspirada no símbolo da sua cidade natal e uma de suas paixões, a bicicleta.

A iniciativa vem consolidar o inusitado circuito Paris, Rio e Joinville. Mais conhecida por ser um importante polo econômico do Brasil e pelo festival de dança, a maior cidade catarinense passa a virar referência a partir de agora também por receber um templo cultural como legado de um dos maiores artistas brasileiros de expressão internacional: Juarez Machado. A cidade será sede do seu instituto privado sem fins lucrativos criado em 2010, com estrutura física de mil m² de área construída, implantada com recursos próprios do artista e inaugurado com apoio de parceiros. Construído a partir de uma ampla reforma da casa que foi moradia da família Machado nos anos 60, a proposta do espaço vai muito além de contemplar seu vasto acervo e memórias. O Iocal será uma das mais importantes referências para capacitação, desenvolvimento e disseminação das artes. “Queremos abrigar iniciativas transversais de caráter cultural, educacional e assistência social, que contribuam para o desenvolvimento humano numa perspectiva de múltiplas plataformas para ampliar a inclusão cultural”, afirma Juarez. Artes visuais, música, literatura… O Instituto Internacional Juarez Machado surge assim com o objetivo de promover ações de democratização e acesso às fontes de cultura com inúmeras atividades abrangendo projetos educativos, exposições, intercâmbio de artistas, oficinas de artes visuais, música e literatura, palestras e debates, qualificação e capacitação de artistas, cineastas, produtores, diretores e estudantes de cinema, encontros poéticos, saraus, contação de histórias, lançamento de livros e o que mais a transversalidade artística permitir nas mais variadas formas de expressão.

 

A inauguração com a exposição \\"A bicicleta na vida e na obra de Juarez Machado\\", além de mostrar um ícone muito presente nas telas do artista, conta com o primeiro quadro pintado por ele, que lhe rendeu o 2º Prêmio em Pintura no Salão dos Novos e Menção Honrosa no 13º Salão da Primavera, em Curitiba, em 1961. Esta exposição fica em cartaz até fevereiro de 2015. “Eu vi as coisas mais lindas da vida andando de bicicleta. Sou do tempo em que carro era só para sair no domingo”, conta o artista apaixonado desde sempre por este meio de transporte, e defensor de locomoções alternativas muito antes da questão da mobilidade urbana entrar em cena nos desafios do milênio. Todo o projeto construtivo do instituto foi idealizado por Juarez. O galpão, por exemplo, tem uma parte superior com grandes janelões de vidro voltados para o Sul, para receber a luz natural, como faziam as primeiras indústrias de Joinville quando a energia elétrica era um produto escasso e raro. O jardim conta com plantas preferidas pela mãe, dona Leonora Busch Machado, e duas esculturas em aço: “Filha da Chuva por incompetência do Sol” (já que Joinville é considerada uma das cidades que mais chove no Brasil), produzida com técnica em corte no aço e fios de nylon e a “Vênus de Milus” sem os braços, representando a angústia da imprevisibilidade de fazer arte.

 

Uma boutique disponibilizará produtos à venda com estampas de obras do artista, além de curiosidades como pedaços das cerâmicas originais pintadas para o painel “O Circo”, na fachada do mais importante centro de eventos da cidade. O acesso ao Instituto terá cobrança de ingresso (R$ 5,00) para ajudar a manter a estrutura física do local e de atendimento ao público. Um artista múltiplo Com mais de 50 anos de sólida carreira, o pintor, escultor, desenhista, caricaturista, mímico, designer e cenógrafo mantém ateliês em Paris (onde mora boa parte do ano), Rio de Janeiro e Joinville. Filho de João Machado, caixeiro viajante e colecionador de objetos antigos, e Leonora Busch Machado, de origem alemã, operária de uma fábrica de meias, Juarez Machado nasceu no dia 16 de março de 1941, em Joinville. Desde muito pequeno costumava desenhar na borda branca das folhas dos jornais com as notícias da Segunda Guerra. Desenhos esses que ele ainda tem guardados. Desde sempre ele desenhou, pintou e fez bonecos de barro e seus próprios brinquedos.

Aos 14 anos já queria sobreviver da sua própria arte, e foi trabalhar na gráfica de um laboratório farmacêutico, onde imprimiam rótulos, bulas dos remédios e um almanaque que era publicado todos os anos. Em 1960, aos 19 anos foi para Curitiba ser aluno da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Morava numa pensão de estudantes e, para sobreviver, à noite era desenhista e cenógrafo da televisão local. Trabalhava também como ilustrador para o jornal da cadeia de comunicação dos Diários Associados. Em 1964 realizou sua 1ª mostra individual na Galeria Cocaco, de Curitiba, iniciando uma carreira de grande sucesso. Ao mesmo tempo fazia cenários para todos os teatros da cidade, desde o Guairinha, o Teatro de Bolshoi e a Reitoria do Paraná. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1965, onde residiu por vinte anos. Além do desenho e da pintura, fez incursões pela mímica, cenografia, programação visual, ilustração e escultura. Foi chargista dos principais jornais brasileiros e mímico no programa Fantástico, da TV Globo, projetando-se nacionalmente. Sua carreira global foi intensa, tendo participado do grupo de criação de programas de humor como \\"Balança mas não cai\\", \\"Kika e Xuxu\\", \\"Faça humor não faça guerra\\" e tantos outros. Como parte do grupo de criação da Globo, fez cenários para os musicais mais importantes da história da televisão: Roberto Carlos, Raul Seixas, Emílio Santiago, Fafá de Belém e tantos outros.

Produziu livros para crianças, trabalhou como professor em escolas de crianças carentes, continuou fazendo esculturas e ganhou prêmios em várias partes do mundo. A partir de 1978, resolve dar foco e se dedicar apenas às artes plásticas. Internacionalizando seu trabalho, passou temporadas em Londres, Nova York e diversas cidades europeias até decidir estabelecer residência fixa em Paris, desde 1985, mas sempre retornando à sua cidade natal, além de manter ateliê no Rio, outra cidade que aprendeu a amar. Agora, dividindo seu tempo criativo entre França e Brasil, cria a sede do Instituto Internacional Juarez Machado que vai abrigar boa parte de seu acervo, com mais de 3 mil quadros, 7 mil desenhos, toneladas de fotos e quilômetros de cartas, bilhetes e textos. Um verdadeiro templo artístico criado não só para expor seus trabalhos e realizar intercâmbios culturais com convidados de qualquer parte do mundo. Mas acima de tudo, para democratizar a vivência artística e deixar um rastro indelével em sua cidade natal, realizando um desejo que ele sentiu há mais de cinco décadas quando entrou no ônibus para ir para Curitiba estudar: deixar um legado para as futuras gerações de que na arte e na vida, tudo é possível.

 

Serviço: Exposição inaugural Instituto Internacional Juarez Machado, com o tema “A Bicicleta”

Quando: aberta ao público de 26 de novembro até 28 de fevereiro

Horário visitação do Instituto: terça a sábado, das 10 às 19h e domingo, das 15 às 19h Ingresso: R$ 5,00 – quem vier a pé ou de bicicleta visitar o instituto em qualquer época do ano não paga!