A atualidade cubana em treze peças das artes plásticas

EXPOSIÇÃO NO CONVENTO DE SANTA CLARA DE ASSIS
A atualidade cubana em treze peças das artes plásticas

POR ESTRELLA DÍAZ — especial para o Granma Internacional

CASABE y Matajíbaro é a exposição inaugurada na sala Joaquín Weiss, no antigo Convento de Santa Clara de Assis, sede do Centro Nacional de Conservação, Restauração e Museologia — Cencrem —, na Havana colonial.

Treze artistas, que têm como denominador comum que hoje moram na vila de San Cristóbal de Havana e nasceram na província de Camagüey, situada a 500 quilômetros da capital, juntaram-se para render homenagem a sua cidade natal.

O pintor Maykel Herrera, que além de participar com duas peças e de ter a seu cargo a coordenação e curadoria da exposição, comentou-me que a idéia nasceu espontaneamente e ao mesmo tempo como algo necessário.

Maykel, com as peças Equilibrio cubierto e Olla de grillos convoca-nos a refletir nos aspectos pontuais da contemporaneidade cubana, ao passo que mostra uma consolidação na sua maneira de fazer. A obra de Maykel —muito representativa, certamente — mostra solidez tanto do ponto de vista conceitual quanto no uso da cor.

Roberto Fabelo, Prêmio Nacional das Artes Plásticas, com El silencio de los calderos demonstra novamente o que é: um mestre.

Comprovamos novamente que suas idéias se renovam com uma força impressionante. Em El silencio de los calderos, realizada neste ano, 2007, percebe-se a preocupação do artista por nosso tempo em Cuba, mas por acaso não é também uma preocupação internacional a sobrevivência como espécie?

Agustín Bejarano — Los ritos del silencio CCXXI; Viaje nocturno (instalação, mista); Los ritos del silencio CCXXI — é um criador que conseguiu se colocar no cume das artes plásticas da Ilha graças a seu talento. Há coerência quanto à forma e ao conteúdo nas três peças da exposição, talvez a mais atraente é Viaje nocturno que é uma alegoria da atualidade cubana.

Aisar Jalil — Antes de la lluvia; Vuelo y antes de la lluvia II — dá continuidade a seu mundo onírico e fantástico/teatral: animais que se tornam humanos e humanos que se tornam animais. Estas três obras a óleo constituem um verdadeiro desfrute e são a constatação de que existe uma relação forte e fluente entre sua pintura e sua obra gráfica.

Flora Fong — Café para todos — a partir do jarro e da peneira, colocados entre palmeiras, sugere familiaridade e boas-vindas; talvez, o busílis da peça está naquilo que chamamos “idiossincrasia cubana”.

Alain Pino — série Correcciones (evidencia seu inquietante experimentalismo); Aziyade Ruiz — Série El viento nos trae la fragancia de los trópicos — aproxima-se cada vez mais de uma magnífica síntese, ao passo que Esterio Segura — Híbrido de Crysler mostra que quase sempre o humor, quando inteligente, se torna reflexão.

De sua parte, Franklin Álvarez em Recogedores e El optimista expressa uma mensagem muito evidente apesar de se realizarem em suportes e técnicas bem diferentes e José A. Hechavarría— Série Las Nocturnas — desenha um traço com uma linha bem marcada, enquanto o emprego dos tons de verde e amarelo são reforçados com a cor negra.

Kadir López— Los ángeles — usa a palavra como chave cognoscitiva do tempo, que evidencia um traço leviano; Roberto Valentín com as peças Carrusel, Carrusel II caracterizadas pelo emprego sugestivo das cores claras e escuras, assim como pelo figurativismo que se espande, tem sido, a meu ver, uma das surpresas mais gratificantes da exposição e Yasbel Pérez (Juego de adultos) volta ao cotidiano como chave da comunicação.

Ao rever Casabe y Matajíbaro, se comfirma que esta exposição não é apenas um mero divertimento nem se cinge a prestar homenagem a Camagüey nem pretende insistir num tipo de comida que se degusta exclusivamente nessa região do território cubano. Constitui uma aproximação a momentos importantes do quefazer dum grupo de criadores que, independentemente do local de nascimento ou de residência, faz parte da vanguarda das artes plásticas cubanas, que mostra uma contemporaneidade evidente. As preocupações da atualidade cubana são mostradas no antigo convento de Santa Clara de Assis.

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