29ª BIENAL DE SÃO PAULO – PALESTRAS EM MARÇO

Com participação de Anri Sala, tem início ciclo de palestras que faz parte da programação da 29ª Bienal de São Paulo

Anri Sala, artista nascido na Albânia, formado em Paris e atualmente residente em Berlim, será o primeiro participante do ciclo de palestras que integra a programação da 29ª Bienal de São Paulo, numa promoção conjunta da Fundação Bienal, projeto Capacete e Funarte. Por se tratar da palestra de abertura, também os curadores da mostra que acontecerá entre setembro e dezembro, Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos, falarão sobre o conceito curatorial construído para a Bienal deste ano.

Helmut Batista, coordenador do projeto Capacete, detalhará na ocasião as atividades que resultaram dessa parceria. Além do ciclo de palestras quinzenais, serão realizados nove workshops e um programa de residências para artistas, curadores ou críticos que vão passar de três a seis meses em São Paulo, desenvolvendo pesquisas propostas por eles. Todos os residentes farão parte da programação de palestras.

A primeira rodada de palestras prosseguirá na quinta-feira (11), com participação de Jeremy Deller e Amilcar Parker. Toda a programação da parceria entre Fundação Bienal, projeto Capacete e Funarte acontecerá no Teatro Arena, em São Paulo, e o convite para as palestras é gratuito.

Anri Sala nasceu em Tirana (Albânia) em 1974. Ele norteia sua produção prioritariamente documental – vídeo, filme, fotografia e instalação – em seu olhar estrangeiro e na memória ainda próxima do fim do comunismo no país natal. O nomadismo – estudou em Paris e mora hoje em Berlim – permite ao artista duas ordens de leitura sobre o mundo: uma aproximada e afetiva e outra desfamiliarizada e objetiva. Quando está longe, viaja mais de dez andares numa grua até chegar com equipe de cinema à intimidade do som de um concerto de saxofone nos ares (Long Sorrow, 2005). Quanto perto, como em Dammi i colori (2003), recolhe-se no intuito de documentar seu antigo professor, agora prefeito de Tirana, numa visita guiada pela versão repaginada da cidade natal. Em ambas se sobressai o espírito crítico com que Anri Sala comenta a percepção individual, suas interferências e cooperações pela escrita de uma memória comum.

Jeremy Deller nasceu em Londres em 1966. Relembrando músicas, promovendo eventos, realizando filmes, entrevistando, reunindo documentos e motivando a participação da comunidade, costuma representar contextos culturais de cidades. A identidade coletiva de um lugar – as tradições, os hábitos e as estruturas que o compõem como máquina social – é uma das principais plataformas de trabalho do artista. Em 2009, engajou os moradores de Manchester na concepção e na execução de um grande desfile de rua. Ao som de uma banda marcial, desfilaram alas, estandartes e carros alegóricos dedicados a aspectos da vida local, como o gosto por chá e chips; os grupos de rock, de pequenas misses e de colecionadores de carros; as lutas contra o cigarro e o aquecimento g lobal; ou a celebração da herança industrial superada. Denotando o lugar por suas idiossincrasias, a Procissão [Procession], por um lado, motivou protagonismos individuais e, por outro, possibilitou uma perspectiva autoconsciente para a audiência da cidade sobre a cidade.

Amilcar Parker nasceu em Santiago do Chile em 1974 e mudou-se para o Brasil em 1982. Artista plástico e fotógrafo, formou-se em filosofia pela Universidade de São Paulo em 1999. Desenvolve um trabalho no qual essencialmente desloca, subverte e re-contextualiza objetos do cotidiano, como roupas e móveis, arquitetura interna e externa e o corpo humano, em ações, quase sempre realizadas pelo próprio artista, apresentadas em fotografias, vídeos e instalações. Seu trabalho se baseia na ideia do mundo como linguagem, construção e narrativa onde as práticas artísticas apontam para a possibilidade de novas formas de apreensão, de comportamento e de subjetivação, perante as estruturas e interfaces históricas, políticas e sociais que rigidamente se estabelecem para o homem como necessidade e segunda natureza. Amilcar far& aacute; uma apresentação na qual discorrerá sobre experiências e percepções do espaço e o fluxo das pessoas nas cidades, considerando questões relativas à arquitetura e ao urbanismo como supra-estruturas de organização e divisão do espaço. Sua fala se centrará, mais especificamente, no recente fenômeno de substituição de grades nos edifícios por paredes de vidro.

Serviço: Palestra de Anri Sala – 10 de março de 2010 às 20 horas
Participação de Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos (curadores da 29ª Bienal de São Paulo) e Helmut Batista (coordenador do projeto Capacete)
Palestras de Jeremy Deller e Amílcar Parker – 11 de março de 2010 às 20 horas
Local: Teatro Arena – rua Dr. Teodoro Baima, 94 – Centro (São Paulo – SP) – Convite gratuito.

* postado por Alice Varajão, de Curitiba.