FIGURAS E PADRÕES – AZULEJOS PORTUGUESES NO MON

Figuras e Padrões – A encomenda do azulejo no MON

Toda a beleza da herança cultural árabe, representada pela secular produção de azulejos em Portugal, pode ser apreciada pela primeira vez no Paraná. Procedentes do acervo do Museu Nacional do Azulejo de Portugal, os 90 painéis em exibição traçam um panorama da história da arte da cerâmica portuguesa, do século 16 até a atualidade.

O Museu Oscar Niemeyer abre a mostra Figuras e Padrões – A encomenda do azulejo em Portugal, do século XVI à atualidade para jornalistas e convidados, na próxima quarta-feira (10), às 19 horas.

Esta exposição tem o patrocínio do Banco do Brasil e da Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR), com o apoio do Ministério da Cultura, do Governo do Paraná e da CAIXA.

As peças refazem um pedaço da história que remonta aos fatos bíblicos. Os países integrantes da Península Ibérica desenvolveram técnicas e tradições que têm suas raízes em culturas de diversos povos de ascendência árabe. Por centenas de anos, esses povos disputaram e dominaram territórios da península. Uma das heranças desses episódios históricos é a prática da cerâmica em Portugal, também disseminada na Espanha e em outros países da Europa.

A mostra apresenta exemplares que retratam as encomendas que eram feitas pela igreja, pela nobreza, pelo público e por novos clientes, até chegar a atualidade com a produção de artistas contemporâneos. Em frontais de altares, cruzes e outros registros religiosos, de faianças policromadas, é possível observar a padronagem dessas cerâmicas; incorporadas na arquitetura daqueles países e até hoje tradicionais.

A evolução da cerâmica em Portugal
A utilização de revestimentos azulejares em Portugal data do início do século16, com a utilização de azulejos de padrão, de matriz islâmica, fabricados em Sevilha, na Espanha. Desde então, o azulejo tem sido utilizado ininterruptamente, em uma renovação permanente de gostos e estéticas, aqui ilustrada por trabalhos de artistas contemporâneos ao longo de toda a mostra.

A partir do final do século 16, a azulejaria portuguesa se desenvolveu através de duas vias principais: a figuração e a padronagem, sendo a primeira subdividida em representações religiosas e profanas. A igreja foi a responsável pela maioria das encomendas, no século seguinte, para a decoração das paredes de seus templos. A padronagem podia intercalar pequenos painéis figurativos, com representações de santos e cenas narrativas religiosas. O costume de revestir os altares com frontais em azulejos, substituindo tecidos, teve origem na Espanha e se estendeu a Portugal.

No início do século 17, começaram a ser produzidos em Lisboa frontais de altares de inspiração oriental, chamados de aves e ramagens, uma transposição cerâmica das chitas ou pintados, tecidos estampados indianos. As composições, de matriz indiana, tinham uma representação simbólica que permitia sua utilização em altares católicos e a sua articulação com painéis de temática religiosa. Uma das tipologias mais inovadora no século 18 foram os registos, painéis devocionais com representações da Virgem e dos Santos, aplicados em fachadas de prédios para proteger as construções e as famílias.

A nobreza e o público
A nobreza foi a grande responsável pelas encomendas de azulejos de temática profana, destinados à decoração de espaços palacianos. Do final do século 16 a meados do século 17, os painéis de azulejos exibiam representações heráldicas, como afirmação da identidade pessoal e de linhagem familiar. A partir de 1560, começam a ser produzidas, em Lisboa, peças com uma nova técnica, a faiança, que permitiu maior possibilidade decorativa.

No século 18, com a afirmação da nobreza como encomendador e em um período de apogeu do azulejo português, surge uma nova iconografia. Na maioria dos casos, esta já não possui um sentido para além do que é representado, preocupando-se em apresentar um quotidiano onírico de prazer e serenidade, com personagens ocupadas em atividades oníricas. Dois séculos depois, o azulejo é suporte do pensamento artístico moderno em Portugal, arquitetos e artistas criaram numerosos padrões e composições figuradas.

Rafael Bordalo Pinheiro (1847-1905), fundador da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, introduziu o gosto decorativo moderno, a Arte Nova. Para a divulgação das novas estéticas da Arte Nova e, mais tarde, da Art Deco foram de grande importância as produções mássicas de indústrias como a Fábrica de Louça de Sacavém e a Lusitânia, em Lisboa, principalmente entre as décadas de 1910 e 1930. A fabricação deu continuidade à produção de revestimentos para espaços interiores, iniciada.

Na segunda metade do século 19.
Em uma direção mais radical, o Modernismo se configurou em Portugal com os padrões do arquiteto Raul Lino (1879-1974), desenhados entre 1907 e 1915, em uma linguagem rigorosa de abstração geométrica. Porém, coube a Jorge Barradas (1894-1971) a grande revitalização da cerâmica artística em Portugal, pela sua modernidade na realização e na aplicação arquitetônica.

Durante as décadas de 1920 e 1930, o azulejo esteve afastado do exterior da imagem urbano, confinando-se a pequenos apontamentos nas fachadas. A partir de 1950, a construção de novos equipamentos habitacionais e de transportes impulsionaram o desenvolvimento da arte pública na cidade de Lisboa, onde se destacam os revestimentos cerâmicos de autor, longe dos anonimatos da produção semi-industrial e industrial ao final dos anos 900.

Serviço: Figuras e Padrões – A encomenda do azulejo em Portugal, do século XVI à atualidade
Patrocínios: Banco do Brasil e SANEPAR
Apoios: Ministério da Cultura, Governo do Paraná e Caixa
Visitação: de 11 de dezembro a 11 de abril de 2010
Museu Oscar Niemeyer
Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico – Curitiba
Aberto de terça a domingo, das 10 às 18 horas
R$ 4,00 inteira e R$ 2,00 estudantes, com carteirinha
Gratuito para grupos agendados da rede pública, do ensino médio e fundamental, para estudantes até 12 anos, maiores de 60 anos e no primeiro domingo de cada mês.