Museu garante acesso gratuito de estudantes à arte

29/08/2008
Sexta-feira

GOVERNO

Museu garante acesso gratuito de estudantes à arte

Diariamente cerca de 400 estudantes de até 12 anos visitam gratuitamente a instituição

O desempenho do Museu Oscar Niemeyer extrapola os meios artísticos e atinge um segmento de vital importância sócio-cultural: os alunos e professores das redes pública e particular de ensino. Por meio do núcleo de Ação Educativa, diariamente cerca de 400 estudantes de até 12 anos visitam gratuitamente a instituição. Metade deles passa pelas oficinas oferecidas, atualmente com sete atividades relacionadas às exposições exibidas.

Mensalmente são cerca de 6 mil alunos, grande parte da rede pública de ensino, que têm acesso gratuito à arte. “Queremos garantir uma cultura de arte, acessível a todos, ao mesmo tempo em que trabalhamos com a formação de público. Desenvolvemos oficinas com atividades dirigidas a públicos de quatro a oitenta anos de idade, desde a educação infantil, ensino fundamental e médio, aos acadêmicos e a grupos de inclusão”, afirma a coordenadora do núcleo, Rosemeri Bittencourt Franceschi.

“Se compararmos com a história dos museus no mundo, vemos que o Museu Oscar Niemeyer tem programação dinâmica, traz propostas, exposições relevantes, com intercâmbio entre museus de outros países. Uma das áreas que mais me impressiona é a arte-educação”, afirma a artista plástica Maria Bonomi. “É um museu de Primeiro Mundo, sem miopia, atuante e interativo. Maristela Requião não pratica oportunismos, não fica retraída na questão política, propõe questões. Ela criou esta dinâmica, porque tem grande preparo cultural”, acrescenta.

Em 2007, foram fornecidos gratuitamente mais de 113 mil ingressos a estudantes e a grupos de inclusão – 68,75% do total de visitantes, que chegou a 164.663. No primeiro semestre deste ano, o público franqueado representa 66,62% do total.

As visitas ao Museu Oscar Niemeyer servem de ponto de partida para discussões de conteúdos pedagógicos nas escolas e universidades, especialmente entre estudantes de famílias com baixa renda. As experiências vividas por alunos, professores e comunidades participantes da Escola Estadual Brasílio Vicente de Castro, da Cidade Industrial de Curitiba, e da Associação Beneficente Rosana Catallini, de Colombo, localizada na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), são dois exemplos.

Em junho, a direção do Museu aprovou um projeto do núcleo de Ação Educativa que prevê a participação de estudantes e grupos de inclusão nas aberturas de exposições, junto a artistas, curadores, jornalistas e convidados. A apresentação de uma música, em sintonia com montagem de um quadro –construído a partir da releitura da obra “A Negra”, de Tarsila do Amaral – por um grupo de crianças de 7 a 12 anos, impressionou o curador Antonio Carlos Abdalla, na noite de abertura da mostra “Percurso Afetivo – Tarsila”, em julho. “Que coisa linda ver essas crianças trabalhando com Tarsila. Fiquei impressionado”, afirma.

Estudantes da rede pública de ensino são assistidos no contra-turno escolar pela Associação Rosana Catallini. A entidade utiliza a arte-educação como meio de socialização e de resgate social. Por coincidência, o grupo trabalhava com obras de Tarsila e a participação na abertura da mostra da artista funcionou como uma “premiação” pelo trabalho desenvolvido.

No Colégio Estadual Brasílio Vicente, o Museu serviu de referência para o projeto de arte-educação idealizado pela professora Sandra Anália dos Santos, freqüentadora da instituição junto com seus alunos. Iniciado em 2006, o projeto começou na exposição “Eternos Tesouros do Japão”. Alunos e professores participaram de diversas oficinas oferecidas pelo Museu, depois multiplicadas em atividades na escola. O resultado foi apresentado em 11 de junho, com uma mostra no colégio sobre o centenário da imigração japonesa.

“A partir de materiais de reciclagem, eles fizeram uma grande pesquisa artística, aplicada em diversos segmentos: dramaturgia, performances, caracterização de personagens pela maquiagem, confecção de peças da indumentária japonesa, até chegar nas artes visuais, através da realização de desenhos, pinturas, gravuras, instalações, maquetes e estudos geográfico e histórico. Uma verdadeira aula de antropologia artística”, conta Rosemeri Franceschi, que visitou a mostra escolar ao lado de Sirlei Espíndola e Solange Rosenmann, responsáveis pela coordenação de Ação-Educativa, Monitoria e pela realização das oficinas no Museu.

A aproximação dos estudantes com o Museu culminou na participação deles nas aberturas das exposições “German Lorca – Fotografia como Memória” e “Arte do Japão – Do Moderno ao Contemporâneo”, ambas em cartaz até outubro. Os grupos participantes das aberturas somaram mais de 100 alunos, de 14 a 18 anos, acompanhados de funcionários e de alguns pais.

As oficinas têm apoio e complementação de outros programas, que desenvolvem publicações próprias, com atividades para serem desenvolvidas pelas escolas também em salas de aula. “MON – O Olhar Aprendiz” é um desses programas. Já com duas edições – “Alladin & Universalismo Construtivo Torres Garcia” e “Oscar Niemeyer: O espetáculo arquitetural” –, atendem a um público na faixa etária de oito a 14 anos, com distribuição gratuita para escolas públicas e por aquisição para escolas particulares. Publicações relacionadas a outros programas, referentes às mostras de Tarsila, Bacon, Freud e Moore, e da Poética da Percepção, também servem à ampliação e formação de conteúdos e público.

O Museu implantou ainda, às terças-feiras, cursos gratuitos de capacitação dirigidos aos estagiários que atuam como monitores da instituição, arte-educadores, graduandos e professores. Após treinamento e capacitação interna para cada exposição que entra no Museu, oferecida por artistas, curadores e outros especialistas, os monitores têm a responsabilidade de transmitir as informações sobre os artistas e as obras em exibição.

O programa de franquias garante entrada gratuita aos visitantes de até 12 anos, aos maiores de 60 anos e aos grupos agendados de estudantes de escolas públicas, do ensino médio e fundamental. Nos primeiros domingo de cada mês a entrada é liberada para todos os visitantes. O Museu funciona de terça a domingo, das 10h às 18h.