A 6ª edição Bienal do Mercosul acontece de 1º de setembro a 18 de novembro de 2007, em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
Na 6ª Bienal do Mercosul, 67 artistas oriundos de 23 países vão expor cerca de 350 obras em seis mostras três exposições monográficas e as coletivas Zona Franca, Três Fronteiras e Conversas.
Em 79 dias de exposição, a mostra vai estar aberta gratuitamente nos sete dias da semana, ampliando em torno de 48% a possibilidade de visitação em relação à edição anterior. Logo após o encerramento da 6ª Bienal, a Fundação Bienal do Mercosul apresenta em Porto Alegre uma mostra de resultados e prestação de contas à comunidade. Além disso, a Fundação Bienal do Mercosul planeja mostrar uma parcela significativa das obras em exposições itinerantes após o encerramento da Bienal em Porto Alegre. As Itinerâncias devem passar por capitais do Mercosul como Buenos Aires/Argentina, Montevidéu/Uruguai, Assunção/Paraguai, Santiago/Chile, além de outras cidades do Brasil. O projeto de Itinerâncias tem o objetivo de levar a Bienal para o Mercosul, ampliando a sua visibilidade e oferecendo condições a um público que, de outra forma, não teria acesso à mostra.
A 6ª edição da Bienal de Artes Visuais do Mercosul vai utilizar três espaços expositivos para distribuição das obras. Nos armazéns do Cais do Porto vão estar expostas as obras pertencentes às mostras Zona Franca, Conversas e Três Fronteiras. O MARGS Museu de Artes do Rio Grande do Sul vai abrigar as mostras Monográficas dos artistas Francisco Matto e Öyvind Fahlström. O Santander Cultural é o local escolhido para a Exposição Monográfica do artista Jorge Macchi.
Patrocinadores, apoiadores e parceiros
O projeto da 6ª edição da Bienal do Mercosul está orçado em 12 milhões de reais e conta com patrocínio e apoio de 22 empresas, além de apoios institucionais e governamentais. Os recursos foram captados 79,38% através da Lei Rouanet, 6,83% através da LIC Lei de Incentivo à Cultura. A Bienal também recebeu cerca de 7,61 % de recursos sem incentivo e 6,18% através de permutas.
É o incentivo recebido através dessas empresas que permite que a Bienal seja totalmente franqueada para o público. É uma grande alegria para nós essa confiança que as empresas e instituições depositam no projeto. Sabemos que muitos projetos culturais não conseguem se viabilizar por inteiro e alguns eventos só conseguem ter a confirmação de suas cotas de patrocínio depois de realizados. Nós iniciamos a 6ª edição da Bienal do Mercosul com um conjunto de patrocinadores que não só são importantes pelo aporte econômico que representam, mas que se envolvem com o projeto e propõem ações em conjunto, declara Justo Werlang, presidente da Fundação Bienal do Mercosul. O compromisso dos patrocinadores, apoiadores e parceiros da 6ª Bienal do Mercosul com a educação e a formação cultural da comunidade, através de suas políticas de responsabilidade social reafirma a qualidade do projeto.
Para Leandro Gostisa, diretor de patrocínios da 6ª Bienal do Mercosul, o foco maior da gestão desta Bienal foi ampliar significativamente os retornos e benefícios a todos os seus públicos – parceiros/patrocinadores, fornecedores, colaboradores, governos e visitantes – através de melhorias nos processos, transparência na gestão e novas contrapartidas criadas. Um exemplo disso é a mostra de balanço e responsabilidade social que a Bienal do Mercosul vai promover após o encerramento do evento, como forma de dar retorno à comunidade sobre a aplicação dos recursos recebidos e das ações realizadas durante todo o período de produção da sexta edição.
A 6ª Bienal do Mercosul, cujo projeto é financiado através do Ministério da Cultura Lei Rouanet e Secretaria de Estado da Cultura LIC, tem como patrocinadores master as empresas Gerdau, Petrobras e o Santander Cultural. O Projeto Pedagógico da 6ª Bienal do Mercosul é patrocinado pela REFAP, com apoio do Grupo RBS e do FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
O Banrisul é patrocinador da mostra Zona Franca, a mostra de Jorge Macchi é patrocinada pela Gerdau e a mostra Conversas tem o patrocínio da Petrobras. A CEEE Companhia Estadual de Energia Elétrica patrocina a mostra Três Fronteiras.
A 6ª Bienal conta ainda com o apoio especial da Copesul, Fibraplac, Randon, Serasa, Lojas Pompéia e Renner, além de apoio do CIEE Centro de Integração Empresa Escola, ICBNA Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano e Perto.
O apoio institucional vem da UNESCO através do projeto Escola Aberta para a Cidadania, da Superintendência de Portos e Hidrovias do RS, da ONG Parceiros Voluntários e da Prefeitura de Porto Alegre, através de diversas secretarias como a da Cultura, da Educação, SMOV, SMAM e DMLU. As Embaixadas do México e da Argentina e o Centro Cultural de Espanha dão apoio governamental.
O hotel da Bienal é a Rede Plaza de Hotéis. A Procempa é a empresa de TI da Bienal do Mercosul. O sabor da 6ª Bienal é a marca de Arroz e Feijão Namorado, da SLC Alimentos. A Vonpar é parceira do Café da 6ª Bienal do Mercosul, que vai funcionar no Armazém A3 do Cais do Porto.
A Habitasul patrocina o Núcleo de Documentação e Pesquisa da Fundação Bienal do Mercosul.
A Bienal do Mercosul apóia o Programa Todos pela Educação.
Projeto Curatorial
A fim de renovar o evento e consolidar conquistas de suas cinco primeiras edições, o curador-geral propõe, além de mudar o modelo de curadoria, intensificar o processo de internacionalização da mostra e pôr em prática um programa pedagógico ao longo de toda a sua realização. Baseada em representações nacionais até a 5ª edição do evento, a curadoria passou a ser formada por um grupo de curadores responsáveis por projetos específicos sob coordenação do curador-geral.
No caminho da valorização de uma geografia cultural, criada a partir da voz do artista, extrapolar limites de fronteiras geopolíticas mostrou-se um passo necessário. Por isso, o projeto curatorial da 6ª edição da Bienal do Mercosul é inspirado na metáfora A Terceira Margem do Rio, uma imagem tomada do célebre conto de Guimarães Rosa e adotada na 6ª Bienal do Mercosul. Segundo o curador-geral da mostra, Gabriel Perez-Barreiro, a terceira margem simboliza uma mudança de perspectivas. Enfatiza a possibilidade de criação de uma terceira forma de perceber a realidade, rompendo com as dualidades que a definem e delimitam nacionalismo e globalização, direito e esquerdo, bem e mal, figuração e abstração, entre outros. A terceira margem é ainda uma metáfora da geografia regional, definida por fronteiras pluviais, e faz alusão ao antagonismo entre regionalismo fechado e globalização sem diferenças. Nas questões políticas, quase todos os países do Mercosul estão envolvidos em algum tipo de experiência de terceira via entre o socialismo e a economia de mercado. Na 6a Bienal do Mercosul, a ênfase será sobre os artistas que criaram seu próprio espaço dentro de um sistema estabelecido, explica Pérez-Barreiro. A imagem da terceira margem também aponta para um dos princípios metodológicos desta curadoria: o diálogo entre dois sujeitos com vivências diferentes que gera uma terceira realidade.
O curador-geral ressalta ainda que, ao não ter um tema definido, mas, sim, uma metáfora, esta edição da Bienal é um olhar do Mercosul para o mundo, um olhar que parte do regional para o global. É uma Bienal feita desde aqui, do Mercosul, mas que não se encerra em si mesma, declara. A terceira margem, segundo Pérez-Barreiro, é também uma posição a ser adotada ao tratar a relação entre arte e público: o diálogo deve ser um gerador de alternativas, fruto de constante negociação entre artista e arte, objeto e espectador e espectador e o ambiente ao seu redor. Por isso, uma equipe integrada de curadores – e não mais curadores de representações nacionais – articula a visão do Mercosul para o mundo e do mundo para o Mercosul. Todos os curadores têm uma relação direta com países do Mercosul e, ao mesmo tempo, algum tipo de ação ou experiência internacional. Todos eles representam vozes diferentes, e esta Bienal aceita e promove a diversidade e a liberdade de expressão, argumenta o curador-geral.
Além das exposições, a 6ª edição da Bienal do Mercosul enfatiza as ações do projeto pedagógico, fundamental nesta edição. O projeto curatorial, por exemplo, foi totalmente pensado a partir das proposições pedagógicas desta edição. Para Gabriel Pérez-Barreiro, é o trabalho que está sendo proposto pelo curador pedagógico da 6ª Bienal do Mercosul, Luis Camnitzer, um dos grandes diferenciais dessa edição. No projeto pedagógico da 6ª Bienal do Mercosul, Camnitzer propõe uma inovadora reconfiguração do programa educativo, desde suas metas até sua implementação. Para ele, o espectador deve ser visto como ser criativo e não como mero receptor passivo de informação.
Projeto Pedagógico da 6ª Bienal do Mercosul
O projeto pedagógico é considerado fundamental no projeto curatorial da 6ª Bienal do Mercosul. A partir de diretrizes do Conselho de Administração da Fundação Bienal do Mercosul, sua diretoria tem realizado um significativo esforço no sentido de priorizar e consolidar as ações pedagógicas da Bienal do Mercosul. Conforme Beatriz Johannpeter, diretora de educação da 6ª Bienal do Mercosul, o projeto pedagógico se antecipa e se expande, pensando a visita à exposição como uma das etapas de um importante processo educativo iniciado em 2006 e que prevê uma série de ações ao longo de 2007. Essas ações contemplam o envolvimento de professores das redes pública e privada de ensino com acompanhamento até a visita dos alunos à exposição; a realização de ciclo de conferências e mesas-redondas; a inserção do projeto da 6ª Bienal do Mercosul no calendário escolar da Rede Pública de Ensino/RS; a realização de simpósios de arte-educação e encontros com mais de 7,5 mil professores do interior dos Estados do RS e SC; a realização de curso para formação de Mediadores; a produção e distribuição de Material Educativo para escolas das redes públicas e privada; o transporte gratuito para até 100 mil estudantes da rede pública e instituições carentes; e o projeto Diálogos que contempla a comunidade artística local.
O curador responsável pelo projeto pedagógico, Luis Camnitzer, figura das mais relevantes e reconhecidas no campo da arte e da educação, propõe uma inovadora reconfiguração do programa educativo, desde suas metas até sua implementação. Para o curador, o espectador deve ser visto como ser criativo e não como mero receptor passivo de informação.
Espaço pedagógico e Estações pedagógicas
Durante a mostra, junto aos espaços expositivos dos Armazéns, do MARGS e do Santander Cultural, foram construídas 20 estações pedagógicas, além de um espaço educativo multiuso. As estações pedagógicas são espaços interativos junto a determinadas obras de arte, na qual o artista vai explicar seu processo criativo e o problema com o qual estava trabalhando para chegar no resultado da obra. O público, por sua vez, pode deixar seu depoimento, opinando sobre o resultado e trocando experiências com o artista. Os locais de exposição Armazém A3, MARGS e Santander Cultural – vão contar com espaços pedagógicos compostos de sala de pesquisa, auditórios, sala de atendimento para o professor, ateliê para uso do público escolar, e sala para exposição dos trabalhos realizados pelos alunos.
Encontros com professores
Cerca de 7,5 mil docentes participaram da capacitação promovida pela 6ª Bienal do Mercosul em 37 cidades. Os encontros aconteceram até agosto de 2007 em todo o RS e no interior de Santa Catarina, em parceria com as CREs coordenadorias regionais de ensino, universidades e outras entidades. As oficinas tiveram o objetivo de inserir a Bienal do Mercosul no calendário escolar da Rede Pública de Ensino do RS e envolver os professores no acompanhamento pedagógico até à visitação da mostra. Foram agendados mais de 40 encontros. A capacitação consistiu em um curso teórico-prático que apresentou as propostas pedagógicas desta Bienal e o material pedagógico especialmente desenvolvido para escolas e professores a partir dos exercícios desenvolvidos pelo curador pedagógico.
Simpósios de arte-educação
Com o objetivo de estimular e subsidiar o professor no que diz respeito às questões pedagógicas da arte, foram programados para 2007 dois grandes Simpósios de arte-educação. O primeiro aconteceu em abril deste ano, nos dias 11 e 12, quando foi apresentado o Material Educativo, dando início aos trabalhos do Projeto Pedagógico da 6ª Bienal do Mercosul. No total 1,2 mil pessoas participaram, entre professores, estudantes e artistas. O segundo Simpósio, agendado para os dias 17 e 18 de outubro de 2007, seguirá a discussão levantada no primeiro, apenas ampliando-a a uma escala internacional, contando com a presença de teóricos, artista e educadores do mundo todo.
Curso para formação de Mediadores
Trezentas pessoas participaram do Curso de Mediadores da 6ª Bienal, destes 240 atuarão como mediadores nos espaços expositivos da 6ª Bienal do Mercosul. De abril a agosto de 2007, o grupo recebeu aulas sobre Arte Contemporânea, Arte na América Latina, Bienais, atendimento ao público, trabalho prático de mediação, experiência junto a escolas da rede municipal de ensino – através de vivências, educação nos dias de hoje, educação especial, noções sobre percepção, sensibilização, exercícios práticos, museologia e museografia. Além, é claro, do contato direto com os curadores e artistas da mostra.
Oficinas para grupos
Com o objetivo ampliar as ações do Projeto Pedagógico da 6ª Bienal do Mercosul, estimular a formação de um pensamento crítico e promover o envolvimento dos colaboradores das empresas patrocinadoras e de grupos especiais, a Bienal do Mercosul promoveu uma série de oficinas de pensamento. A oficina capacita os participantes a atuarem como mediadores para grupos e familiares durante a mostra e multiplicadores de conhecimento. Cada um dos participantes da oficina é responsável pela divulgação da Bienal junto aos seus colegas de trabalho, amigos e familiares. A realização de oficinas para os colaboradores demonstra o envolvimento das empresas apoiadoras e das ONGs. Gerdau, Petrobras, Parceiros Voluntários e jovens das Tribos Nas Trilhas da Cidadania, participaram das oficinas.
Com base nos exercícios críticos elaborados pelo curador pedagógico, Luis Camnitzer, uma das atividades realizadas durante a oficina é a distribuição de panfletos que descrevem algumas ações de artistas e obras expostas na Bienal, propondo ao participante criar sua própria ação. Esta ação pode gerar um novo panfleto distribuído aos colaboradores da empresa. Para Mônica Hoff, coordenadora do Projeto Pedagógico da 6ª Bienal do Mercosul, os exercícios devem resultar em imagens, textos, ações ou, ainda, em mais pensamento crítico por parte dos participantes. Durante a oficina, os participantes conhecem os projetos curatorial e pedagógico da 6ª Bienal do Mercosul.
Projeto Diálogos
O projeto Diálogos promove o encontro entre artistas e curadores da 6ª Bienal com artistas locais para troca de experiências e avaliação de projetos. Promovido pela Fundação Bienal do Mercosul, o objetivo do projeto Diálogos é proporcionar aproximação entre artistas e gerar uma maior participação da comunidade artística local na Bienal do Mercosul. Até a véspera da Bienal, que acontece de 1º de setembro a 18 de novembro, já foram realizados cerca de dez encontros, em que cada artista ou curador conheceu três artistas locais, em conversas individuais com até 60 minutos de duração. Os artistas são selecionados por uma curadoria, que leva em conta a qualidade e a afinidade do trabalho apresentado com o artista ou curador convidado.
Cerca de 40 artistas locais já participaram dos encontros, que tiveram a presença dos artistas Minerva Cuevas, Maurício Corbalán, Pio Torroja e Jaime Gili. Os curadores Gabriel Pérez-Barreiro, Luis Camnitzer, Moacir do Anjos e Ticio Escobar também já participaram do projeto. Os artistas Leopoldo Estol, Harrel Fletcher e Jorge Macchi participam em agosto e setembro.
Agendamento de grupos para visitas guiadas
A Central de Agendamento da 6ª Bienal do Mercosul iniciou seus trabalhos no dia 13 de agosto, através do telefone 51 3254 7549. O público alvo do serviço são grupos escolares a partir da educação infantil, porém professores, Ongs, empresas e outros grupos especiais também podem participar das visitas guiadas por mediadores, com itinerários pré-estabelecidos. Cinco roteiros estão disponíveis de segunda a sábado, das 9h às 19h30min. A Central de Agendamento funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, pelo telefone 51 3254 7549.
A estimativa é de que o agendamento atenda cerca de 302 mil pessoas com visitas guiadas. A equipe do Projeto Pedagógico comemora a diversidade de localidades que estarão presentes na 6ª Bienal do Mercosul através das visitas guiadas. Chapecó no oeste de Santa Catarina, Vacaria na região nordeste do RS e a capital da Argentina, Buenos Aires, estão entre as cidades que já realizaram seus agendamentos. Estudantes de todas as idades, incluindo crianças de escolas infantis e creches vão visitar a 6ª Bienal do Mercosul. Segundo Mônica Hoff, coordenadora do Projeto Pedagógico da 6ª Bienal do Mercosul, esta grande demanda inicial abrangendo diferentes cidades e grupos é resultado dos trabalhos realizados pelo Projeto Pedagógico até agora, como a realização do Simpósio Brasileiro de Arte-educação – que reuniu mais de 1400 professores do país no mês de abril, a formação de cerca de 7,5 mil professores em mais de 40 cidades do estado, as palestras abertas com artistas e curadores, a realização dos encontros entre artistas locais e artistas da Bienal no Projeto Diálogos, a formação e as vivências dos mediadores nas escolas do município e a distribuição do material pedagógico desta 6ª edição para escolas das redes públicas de Porto Alegre e de todo o estado do Rio Grande do Sul, afirma.
Como realizar o agendamento:
O agendamento é realizado somente através do telefone. Para otimizar os processos, a equipe do Projeto Pedagógico sugere aos responsáveis pelos grupos que o roteiro seja pré-estabelecido conforme interesses e necessidades, antes de a ligação ser realizada. Recomenda-se às escolas que os professores organizem e calculem antes quantos alunos vão participar da visita. Após a reserva telefônica, a escola ou instituição vai receber uma ficha de confirmação, que deve ser preenchida e devolvida à Central de Agendamento via fax, até 72h antes da visita. Caso não haja confirmação, a visita será cancelada.
O agendamento é restrito a um roteiro por grupo, exceto nos finais de semana, quando o mesmo grupo pode percorrer até dois roteiros com agendamento prévio.
Os roteiros disponíveis são:
Roteiro 1 – Exposição Monográfica – Jorge Macchi, no Santander Cultural
Roteiro 2 – Exposições Monográficas – Francisco Matto e Öyvind Fahlström, no MARGS
Roteiro 3 – Conversas nos Armazéns A3 e A4 do Cais do Porto
Roteiro 4 – Zona Franca nos Armazéns A5 e A6 do Cais do Porto
Roteiro 5 – Três Fronteiras no Armazém A7 do Cais do Porto
Transporte gratuito
De segunda a sexta-feira, escolas públicas de Porto Alegre e Grande Porto Alegre (em um raio de até 30 km da Capital) podem solicitar transporte gratuito, disponibilizado pela Fundação Bienal do Mercosul. Para atender a todas as instituições de ensino interessadas em participar, a utilização dos ônibus fica restrita a no máximo 3 excursões por escola. Aos sábados, projetos sócio-educativos, Ongs e empresas de Porto Alegre e grupos de professores e estudantes de cidades vizinhas (em um raio de 30 a 100 km da Capital) também poderão utilizar o transporte oferecido pela Fundação. O transporte gratuito vai contemplar cerca de 100 mil pessoas.
Artistas da 6ª Bienal do Mercosul em ordem alfabética
Adolfo Couve (1940-1998) Chile
Alberto Greco (1931-1964) Argentina
Alejandro Otero (1921-1990) Venezuela
Alejandro Paz Guatemala
Alvaro Oyarzún Chile
Aníbal López Guatemala
Annika Ström Suécia
Bárbaro Rivas (1893-1967) Venezuela
Beatriz González Colômbia
Beth Campbell EUA
Ceal Floyer Paquistão / Reino Unido / Alemanha
Cecilia Pavón Argentina
Chiho Aoshima Japão
Cildo Meireles Brasil
Daniel Bozhkov Bulgária/EUA
Dario Robleto EUA
Fernanda Laguna Argentina
Fernando Lopez Lage Uruguai
Francis Alÿs Bélgica/México, Cuauhtemoc Medina México e Rafael Ortega México
Francisco Matto (1911 1995) Uruguai
Harrell Fletcher EUA
Jaime Gili Venezuela/Reino Unido
Jennifer Allora e Guillermo Calzadilla – EUA e Cuba
Jesús-Rafael Soto (1923 2005) Venezuela
João Maria Gusmão e Pedro Paiva Portugal
John Baldessari EUA
Jorge Gumier Maier Argentina
Jorge Macchi Argentina
Jose Gabriel Fernández Venezuela
Josefina Guilisasti Chile
Juan Araujo Venezuela
Katie van Scherpenberg Brasil
Laura Belém Brasil
León Ferrari Argentina
Leopoldo Estol Argentina
Leticia Obeid Argentina
Liliana Porter Argentina
Lux Lindner Argentina
M7red Argentina. Mauricio Corbalán e Pio Torroja
Magdalena Atria Chile
Miguel Amat Venezuela
Milton Dacosta (1915-1988) Brasil
Minerva Cuevas México
Muu Blanco Venezuela
Nelson Leirner Brasil
Nesrine Khodr Líbano
Osvaldo Salerno Paraguai
Öyvind Fahlström – (1928 1976) Brasil/Suécia
Pablo Chiuminatto Chile
Peter Fischli e David Weiss Suíça
Rivane Neuenschwander Brasil
Sara Ramo Espanha/Brasil
Steve McQueen Inglaterra
Steve Reich EUA
Steve Roden EUA
Sylvia Meyer Uruguai
Terrence Malick EUA
Walid Raad Líbano
Waltercio Caldas Brasil
William Kentridge – África do Sul
Yoshua Okon México
Artistas por Mostras
Adolfo Couve – Conversas
Alberto Greco – Conversas
Alejandro Otero – Zona Franca
Alejandro Paz – Conversas
Allora e Calzadilla – Conversas
Álvaro Oyarzún – Conversas
Aníbal López Três Fronteiras
Annika Ström – Conversas
Barbaro Rivas – Zona Franca
Beatriz González – Conversas
Beth Campbell – Zona Franca
Ceal Floyer – Conversas
Cecilia Pavón – Conversas
Chiho Aoshima – Zona Franca
Cildo Meireles – Zona Franca
Cuauhtémoc Medina – Zona Franca (obra conjunta com Francis Alÿs)
Daniel Bohzkov – Três Fronteiras
Dario Robleto – Zona Franca
Fernanda Laguna – Conversas
Fernando López Lage – Conversas
Fischli e Weiss – Conversas
Francis Alÿs – Zona Franca
Francisco Matto – Monográfica
Harrell Fletcher – Zona Franca
Jaime Gili – Três Fronteiras
Jesús Rafael Soto – Conversas
João Maria Gusmão e Pedro Paiva – ZF
John Baldessari – Conversas
Jorge Gumier Maier – Conversas
Jorge Macchi – Monográfica
Jose Gabriel Fernandez – Zona Franca
Josefina Guilisasti – Conversas
Juan Araujo – Zona Franca
Katie van Scherpenberg – Conversas
Laura Belém – Conversas
León Ferrari – Conversas
Leopoldo Estol – Conversas + Zona Franca
Leticia Obeid – Conversas
Liliana Porter – Conversas
Lux Lindner – Conversas
M7red (Pio Torroja e Mauricio Corbalán) – Zona Franca
Magdalena Atria – Conversas
Miguel Amat – Zona Franca
Milton Dacosta – Conversas
Minerva Cuevas – Três Fronteiras
Muu Blanco – Zona Franca
Nelson Leirner – Zona Franca
Nesrine Khodr – Conversas
Osvaldo Salerno – Conversas
Öyvind Fahlström – Monográfica
Pablo Chiuminatto – Conversas
Rafael Ortega Zona Franca (obra conjunta com Francis Alÿs)
Rivane Neuenschwander – Zona Franca
Sara Ramo – Conversas
Steve McQueen – Zona Franca
Steve Reich – Conversas
Steve Roden – Zona Franca
Sylvia Meyer – Conversas
Terrence Malick – Conversas
Walid Raad – Conversas
Waltercio Caldas – Conversas
William Kentridge – Zona Franca
Yoshua Okon – Zona Franca
Curadores da 6ª Bienal do Mercosul
Gabriel Pérez-Barreiro Curador-geral Doutor em História e Teoria da Arte, curador de arte latino-americana do Museu de Arte Blanton da Universidade do Texas em Austin, espanhol, residente em Austin, Texas.
Luis Camnitzer Curador Pedagógico Artista e professor emérito da Universidade do Estado de Nova York, uruguaio, mora em Nova York (NY).
Alejandro Cesarco Curador da mostra Conversas Artista e curador independente, uruguaio, residente em Nova York (NY).
Inés Katzenstein Curadora da mostra Zona Franca curadora e historiadora da arte, curadora do Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (MALBA), argentina, residente em Buenos Aires.
Luis Enrique Perez Oramas Curador da mostra Zona Franca curador e historiador da arte, curador de arte latino-americana do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), venezuelano, mora em Nova York (NY).
Moacir dos Anjos Curador da mostra Zona Franca curador de arte e pesquisador, brasileiro, mora no Recife.
Ticio Escobar Curador da mostra Três Fronteiras curador e crítico de arte, diretor do Museu del Barro / Centro de Artes Visuais, paraguaio, mora em Assunção.
Exposições Monográficas
Para as exposições monográficas da 6ª Bienal do Mercosul, o curador-geral selecionou nomes que representam diferentes momentos da história da arte latino-americana. Representantes da contemporaneidade, de influências dos anos 60 e do modernismo, as mostras substituem a exposição de artista homenageado, presente até a 5ª Bienal do Mercosul. Pérez-Barreiro justifica a mudança: A tradição de artista homenageado é importante, e achei que deveria conservá-la de algum jeito. Mas, como a metáfora central desta Bienal é a terceira margem, foram escolhidos três artistas, de nacionalidades e gerações diferentes. Curadoria: Gabriel Pérez-Barreiro
Jorge Macchi Argentina
Um dos artistas contemporâneos mais relevantes e reconhecidos da atualidade. A exposição monográfica permitirá a primeira visão geral de sua trajetória em continente americano. A obra de Macchi distingue-se por suas meditações sutis sobre as possibilidades poéticas da vida cotidiana. Macchi trabalha com objetos do dia-a-dia numa variedade de meios, incluindo instalações, vídeos, colagens e fotografias. Participou da 4ª Bienal do Mercosul. Para a exposição em Porto Alegre serão trazidas 70 obras, entre DVS, instalações, fotografias, desenhos, gravuras e outras obras em materiais variados e técnica mista. O vídeo Fim de Film, produzido em parceria com o compositor Edgardo Rudnitzky, será um dos trabalhos apresentados para o público. Nele, Macchi exibe os créditos finais de um filme acompanhado de uma melodia que obedece a todos os movimentos das letras subindo na tela. A trilha composta especialmente para a obra, foi gravada pela OSPA Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. As imagens da execução da música, que vão aparecer no telão junto com os créditos do filme, foram gravadas em formato digital, na OSPA, com a presença de Macchi e Rudnitzky. Segundo Macchi, a trilha de Fim de Film funciona da seguinte forma: cada linha de texto, ao aparecer na tela, ativa um novo som. O compositor Rudnitzky considerou aspectos como o comprimento das linhas de texto e a distribuição dos blocos na tela para compor a música. Na tela, os créditos estão desfocados, impedindo a leitura e fazendo com que o espectador direcione seus sentidos para a música.
Em exposição no Santander Cultural.
Öyvind Fahlström – (São Paulo, 1928 Estocolmo, 1976) – Brasil
Artista brasileiro-sueco referencial no cenário artístico mundial dos anos 60. A participação na 6ª Bienal do Mercosul será a primeira apresentação no Brasil do trabalho de Öyvind Fahlström, o único artista brasileiro a ser homenageado com exposições monográficas no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), Centre Georges Pompidou, Paris, e na Moderna Museet de Estocolmo. A exposição Fahlström:Mapas, com 19 gravuras do artista, exibirá a obra gráfica do artista, na sua totalidade, sendo ele um inovador internacional nesta linguagem. Em exposição no MARGS.
Francisco Matto – (1911 1995) – Uruguai
Foi um dos participantes mais importantes do Atelier Torres García no Uruguai. A obra do artista é significativamente marcada pelo seu profundo interesse pelas culturas pré-colombianas, o que o levou a formar sua própria coleção de arte pré-hispânica. Matto representa um dos caminhos mais originais a partir dos ensinamentos do Universalismo Construtivo de Torres García, alcançando uma perfeita união entre a arte antiga e as linguagens contemporâneas. Participou da 1ª Bienal do Mercosul. A mostra na 6ª Bienal do Mercosul é uma retrospectiva do artista, com 90 obras, entre pinturas sobre tela e sobre madeira e esculturas em madeira. Em exposição no MARGS.
Três Fronteiras
O Três Fronteiras é um programa internacional de artistas em residência na zona da Tríplice Fronteira do Mercosul – Paraguai-Argentina-Brasil, baseado no raciocínio central do projeto curatorial desta sexta edição. A mostra está no armazém A7 do Cais do Porto. A região limítrofe entre Paraguai, Argentina e Brasil é definida por uma fronteira pluvial, remetendo novamente à Terceira Margem do Rio, além de ser uma região de fluxos econômicos, culturais, políticos e lingüísticos. Nesta linha, o co-curador do projeto Três Fronteiras, o crítico de arte e diretor do Museu del Barro – Centro de Artes Visuais de Assunção/Paraguai Ticio Escobar, propõe neste projeto o questionamento das fronteiras geográfico-culturais dos países que compõem o Mercado Comum do Sul. Para isso, foram convidados quatro artistas, que partem da pesquisa da diversidade cultural da fronteira para criar uma obra para ser mostrada especialmente na 6ª Bienal do Mercosul.
Equipe de curadoria: Gabriel Pérez-Barreiro e Ticio Escobar.
Artistas: Aníbal López Guatemala, Daniel Bozhkov Bulgária/EUA, Minerva Cuevas México e Jaime Gili – Venezuela/Reino Unido
Aníbal López / A1-53167 López, que usa como assinatura o número de sua carteira de identidade – A1-53167, segue o percurso do contrabando desde a Tríplice Fronteira (Brasil/Argentina/Paraguai) até Porto Alegre. Começa atirando caixas no rio no ponto de origem da mesma forma que os contrabandistas, só que suas caixas estão vazias. O artista confirma, de certa forma, o mapa circulatório do mercado ilegal como um sistema direcional e, ao tirar-lhe sua função inicial, o abstrai. Sobre sua experiência na zona da Tríplice Fronteira, Aníbal declarou que ficou muito surpreso com os conflitos sociais, tão diferentes, mas não menos importantes que os de seu país: A experiência está sendo muito forte, me fez ver coisas que eu não sabia que existiam. Descobri, por exemplo, que nesta região não existem fronteiras. É só ver a movimentação de pessoas que caminham livremente por qualquer dos países, sem apresentar visto de entrada, sem que haja qualquer tipo de controle.
Daniel Bozhkov – Bozhkov se interessa pela fronteira que existe entre a produção artesanal e o seu consumo. Para o seu projeto, ele se propôs aprender a fabricar pequenas esculturas de animais que são feitas por índios guaranis. Os índios esculpem estes animais para pedir desculpas pela morte que eles sofreram durante a caça. Com isso, Bozhkov quer entrar na produção a partir do ponto de vista do consumidor da escultura, ao invés do ponto de vista do consumidor do produto caçado. É uma forma de pedir desculpas ao objeto comprado no circuito turístico, e não para o animal que originalmente gerou a escultura.
Jaime Gili – Gili organiza e codifica contribuições anônimas para ajudar a transformá-las numa expressão coletiva. São exemplos: uma fonte de tipografia montada com letras apropriadas de grafites, e o desenvolvimento de um logo coletivo para moto-táxi – a forma mais popular de transporte na tríplice fronteira – baseado numa média das decorações individuais feitas por eles. Partindo da movimentação na Ponte da Amizade, que divide as cidades de Foz do Iguaçu, no Brasil e Ciudad de Leste, no Paraguai, o artista realiza uma pesquisa e constrói uma tipografia chamada Fuente Triple, baseada em letreiros dos três lados da fronteira. Numa outra parte do projeto, cria e produz uma série de adesivos que distribui gratuitamente para os moto-táxis, que trabalham no local transportando pessoas e mercadorias. Uma outra etapa é o registro fotográfico da utilização e adaptação que os taxistas fazem do material distribuído e da tipografia encontrada nos letreiros. Unindo as duas partes do projeto, o artista vai apresentar um mural na 6ª Bienal do Mercosul com a Fuente Triple, a tipografia criada pelo artista e a exposição com cerca de cem fotos dos moto-táxis. A fonte criada por Jaime Gili também vai estar disponível para utilização através de download na internet.
Minerva Cuevas A artista vai apresentar um vídeo sobre a questão ecológica na Tríplice Fronteira, uma homenagem a Moises Bertoni el sábio, figura emblemática, misto de cientista e escritor que vivia na região e que deixou um vasto de trabalho de pesquisa nas áreas de metereologia, agronomia, biologia e cartografia.
Zona Franca
O projeto Zona Franca aposta em um critério de qualidade e relevância. Os curadores Gabriel Pérez-Barreiro, Inés Katzenstein, Moacir dos Anjos e Luis Enrique Perez Oramas foram convidados a apresentar obras de arte de produção recente que consideram mais marcantes na atualidade. O projeto enfatiza a liberdade de critérios, como o próprio título indica uma zona sem limites para o curador, sejam eles geográficos, de formato ou culturais. A mostra ocupa os armazéns A5 e A6 do Cais do Porto.
Equipe de curadoria: Gabriel Pérez-Barreiro, Inés Katzenstein, Luis Enrique Perez Oramas e Moacir dos Anjos
Artistas – Curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro
Dario Robleto EUA, Steve Roden EUA, Beth Campbell EUA, Harrell Fletcher EUA, Yoshua Okon México, Chiho Aoshima Japão e William Kentridge – África do Sul
Dario Robleto A série Oh, aqueles espelhos com memórias é composta por textos – serigrafia aplicada na parede – que questionam se uma descrição de um objeto ou ação é suficiente para torná-la uma obra de arte. Robleto sugere que o público imagine estas transformações. São mudanças tão sutis que, se não adaptássemos nossa sensibilidade para ver o que acontece, poderiam passar desapercebidas. Os trabalhos consistem numa mudança do esperado para o ligeiramente inesperado. Em O tempo nunca vai nos apagar, o artista continua a questionar as descrições e sugerir mudanças no cotidiano. Assim, apresenta ao público um osso de costela esculpido, uma fita cassete do mais antigo registro de um poema (1889), estendida, esticada e enrolada ao redor das vozes do casal mais velho do mundo (80 anos). Ao final, o trabalho é enrolado novamente ao redor do primeiro registro do tempo – relógio experimental (1878) -, salgueiro e vidro.
Steve Roden Muitos dos trabalhos de Roden usam o som como elemento fundamental. Roden descreve o seu conceito como audição ativa, uma forma de consciência mais aguçada dos sons que nos cercam. O trabalho produzido especialmente para a 6ª Bienal do Mercosul chama-se When Stars Become Words… são dois grandes origamis de madeira com equipamento de áudio e composição musical. Roden partiu de um diagrama britânico de constelações astronômicas e uma lista da pronúncia fonética dos seus nomes. A combinação desses elementos conduziu ao design dos módulos de escuta e a estrutura, a partir da qual as composições sonoras são geradas. O resultado é um sistema que liga diversos fatos e eventos, mas que faz isso sem um programa que o suprima.
Beth Campbell Erro de continuidade sem fim apresenta ao público uma seqüência de banheiros reais, mas sem espelhos. À primeira vista, o trabalho parece ser um exercício simples de perspectiva, no qual o espelho ausente cria um efeito de afastamento visual. Ao se deslocar em torno da estrutura, pode-se perceber pequenas diferenças entre cada parede, que sugerem também uma perspectiva no tempo, como se estivéssemos olhando para o futuro. Os banheiros, em tamanhos reais, foram feitos com madeira, metal, lajota, luz, tinta, pias e técnica mista.
Harrell Fletcher O artista apresenta A Guerra Americana, uma reconstrução do Museu dos Remanescentes de Guerra, o memorial vietnamita da Guerra do Vietnã na cidade de Ho Chi Minh. A instalação, já montada em diversas cidades dos Estados Unidos, é composta por imagens emolduradas e fotografadas por Fletcher com sua câmera digital durante visita ao Vietnã, em 2005. O ato de reconstruir o memorial em locais diferentes e, principalmente, em cidades americanas, expressa sua preocupação em manter a memória, em lembrar e compreender a experiência do outro em tempos de conflito.
Yoshua Okon Okon vai apresentar na 6ª Bienal do Mercosul, seis vídeos que fazem parte da série Oríllese a la orilla / Encoste no acostamento. Oríllese a la orilla é um termo usado pela polícia mexicana para parar carros suspeitos de violações de tráfego reais ou imaginárias. A série explora os limites reais da legalidade e do poder da força policial na Cidade do México. Em algumas cenas, Okon suborna o policial para levar adiante alguma atividade ridícula ou ilegal. Em outras, o policial fica feliz em se fazer de idiota apenas para aparecer na frente de uma câmera, como em um reality show. Em outras ainda, a transação é vaga e ambígua. Em todos os casos Okon nos mostra, através da técnica simples de câmera na mão, os limites e as complicadas transações de poder e de civilidade na nossa sociedade. Cada vídeo tem entre 3 e 5 minutos.
Chiho Aoshima Na animação City Glow, ou Brilho de Cidade, Aoshima conta a história de um espírito que vive em prédios que flutuam sob o céu estrelado. Os edifícios sustentam o vento e brincam com os pássaros que voam a sua volta. De todas as criações humanas, eles são as que subsistem mais próximas da natureza. A idéia da animação, que tem duração de 7 minutos, surgiu de um sentimento de liberdade que Aoshima experimentou ao contemplar a baía de Hong Kong.
William Kentridge – 7 fragmentos para George Méliès é uma instalação composta por sete filmes que homenageia o pioneiro do cinema francês e criador de animações surreais no início do século XX, Georges Méliès. Através do seu característico estilo virtuose, o desenho de Kentridge relembra a natureza mágica das primeiras imagens em movimento, encorajando o público a questionar pressuposições sobre como e porque acreditamos que as imagens possam representar a realidade.
Artistas – Curadoria de Inés Katzenstein
M7red Coletivo formado por Mauricio Corbalan e Pio Torroja Argentina e Leopoldo Estol Argentina.
M7red Teatro do Chat, a obra do M7red, além de ser uma das mais complexas, foi a primeira obra da 6ª Bienal do Mercosul a ter sua execução iniciada. Os artistas do M7red ficaram três semanas em Porto Alegre durante o mês de abril, reunindo informações e organizando grupos de trabalho com artistas, comunicadores e formadores de opinião, para ampliar a discussão sobre as questões da cidade. O trabalho analisa a relação dos cidadãos com a informação existente sobre um determinado tema. Atualmente, a produção de informação é incontrolável e multiplicou a urbanização. O cenário do Teatro do Chat se forma coletivamente, através da análise da informação existente na mídia, declara Mauricio Corbalan. Uma parte deste processo de discussão chega à 6ª Bienal do Mercosul em forma de uma construção, na qual o público vai poder acompanhar as discussões dos grupos e ter uma ampla visão do processo que gerou a obra exposta. O andamento do projeto pode ser acompanhado através do blog http://teatrodochatpoa07.wordpress.com/.
Leopoldo Estol Estol também está presente na mostra Conversas – Núcleo 3 e é o artista mais jovem da Bienal, com apenas 26 anos. O artista propõe através fotos, novas relações entre objetos comuns que podem ser encontrados em qualquer supermercado. Em suas imagens, o artista usa da estética genérica de Internet, da publicidade ou dos bancos de imagens: nitidez, fundo neutro e disposição isolada do objeto sobre fundo infinito. Seu método de trabalho consiste em improvisar situações com objetos que condensem muitos dos acontecimentos vistos diariamente em noticiários de atualidade.
Artistas – Curadoria de Luis Enrique Perez Oramas
Alejandro Otero (1921-1990) Venezuela, Jose Gabriel Fernandez Venezuela, Juan Araujo Venezuela, Bárbaro Rivas (1893-1967) Venezuela, Muu Blanco Venezuela e Miguel Amat Venezuela.
Alejandro Otero Os Coloritmos de Otero servem de base para o diálogo com Jose Gabriel Fernandez e Juan Araújo. Na 6ª Bienal do Mercosul, serão vistos sete quadros de tamanhos diversos do artista, que pinta figuras geométricas abstratas sobre a madeira, utilizando-se da técnica industrial duco, também conhecida como laca, que resulta em uma pintura brilhante. A obra de Otero representa a modernidade como vanguarda por ser uma das primeiras pinturas da geração de arte abstrata construtivista da Venezuela.
Jose Gabriel Fernandez O conjunto de nove peças cada uma delas intitulada Tablón e diferenciadas por um número complementar, Tablón No. 2, Tablón No. 3 são como os Coloritmos de Otero, porém sem cor. Feitas em gesso branco sobre MDF, com dimensões médias de 170 x 55 x 7 cm, as peças lembram estruturas geométricas, mas carregam uma carga de identidade ao imitar cortes que remetem às formas das roupas dos toureiros.
Juan Araujo Na série Reflexo em Coloritmo, o artista reproduz os Coloritmos de Otero ao mesmo tempo em que os mescla com reflexos supostamente emitidos pela obra original, em função de sua pintura brilhante. As 21 telas, pintadas em óleo sobre madeira e óleo e acrílico sobre madeira, têm tamanhos e formas variadas quadrados e retângulos. Araujo repete a expressão de uma arte que não representa o mundo, mas cria uma linguagem autônoma, com suas próprias estruturas.
Bárbaro Rivas A obra de Rivas foi associada a tendências figurativas da pintura européia do pós-guerra. Através de uma linguagem expressionista e intuitiva, o artista produziu um sistemático conjunto de pintura narrativa do século 20. Sua obra se alimenta do anacronismo, de uma experiência coletiva e subjetiva do tempo, indiferente às promessas vanguardistas. Durante a 6ª Bienal do Mercosul o público poderá conferir 16 pinturas do artista, que dialogam com os trabalhos de Muu Blanco e Miguel Amat. Papel maché, madeira e platina foram os materiais usados por ele.
Muu Blanco Nas 13 fotografias coloridas da série AAA a palavra Caracas sem as consoantes o artista apresenta retratos do espaço urbano da capital da Venezuela. As imagens, que mais parecem grandes painéis, têm dimensões variadas: 90 x 60 cm, 90 x 120 cm e 120 x 140 cm. A obra de Muu apresenta um trabalho de composição através da inversão da imagem e do contraste de cores. A cidade e o colorido de Muu se opõem ao cinza e ao espaço rural de Miguel Amat, e essa contradição se propõe a discutir a continuidade que tem a arte contemporânea.
Miguel Amat A participação do artista na 6ª Bienal do Mercosul demonstra sua opção pela narrativa e por uma composição minuciosa. Suas 14 imagens são um registro fotográfico de lugares que no século XIX serviram de palco para as batalhas de independência da Venezuela e que hoje se transformaram em terrenos baldios. Amat utiliza-se da hibridização para formar uma nova imagem a partir de várias fotografias tiradas de um mesmo lugar. Através dessa técnica digital ele funde os diferentes pontos de vista. Ao contrário de Muu, Amat descarta o colorido e prefere a gradação do cinza, jogando entre o preto e o branco.
Artistas – Curadoria de Moacir dos Anjos
Rivane Neuenschwander Brasil, Nelson Leirner Brasil, João Maria Gusmão e Pedro Paiva Portugal, Steve McQueen Inglaterra, Cildo Meireles Brasil e Francis Alÿs Bélgica/Cuauhtemoc Medina México/Rafael Ortega México (obra conjunta)
Nelson Leirner Na instalação A Lot(e), o artista trabalha com o poder simbólico da cultura popular e de massa para promover uma desclassificação de significados, a começar pelo nome ambíguo do trabalho. Compreendido através da língua inglesa, remete à grande quantidade de elementos dos quais é composto. Mas, no registro da língua portuguesa encontra significado na sua rígida compartimentação em blocos. Os suportes usados para a colocação das figuras, que remetem à idéia de multidão, são pintados de branco ou azul, sugerindo a terra e o mar como cenários das situações criadas. Ao pôr cada um desses objetos em contato com seus dessemelhantes, Nelson Leirner multiplica suas possibilidades de significação e de destinação simbólica, tornando-os, portanto, avessos a rígidas classificações taxonômicas. As várias cenas apresentadas são presididas por um boneco de Super-Homem bem maior que todas as imagens incluídas na instalação. O solitário super-herói está rodeado de situações que o confrontam ou o desprezam.
Steve McQueen Os filmes de Steve McQueen oferecem ao espectador elementos para a construção imaginada de histórias. Western Deep e Caribs Lea são trabalhos distintos, mas exibidos sempre juntos. Neles, são apresentadas duas situações diferentes com sentidos a ser individualmente criados, e não superficialmente impressos como verdades. Em Western Deep, o observador é inserido em um ambiente totalmente escuro e, de início, pouco consegue discernir as imagens exibidas. Aos poucos, percebe estar acompanhando o cotidiano de mineiros negros – espaço regido por condições de trabalho que replicam, de modo violento, as institucionalizadas relações políticas, econômicas e raciais vigentes e que destinam aqueles homens a trabalhar ali. Já Carib´s Lea é apresentado em sala clara e formado por duas projeções simultâneas que testemunham fatos de um dia em uma vila praieira habitada por uma população negra. Implícitas nos momentos de trabalho e lazer, que constituem as seqüências, estão situações que insinuam um latente incômodo social; como se houvesse ali, naquele espaço de vida comum, o risco de ruptura iminente de um modo partilhado de existência.
Cildo Meireles Em seus trabalhos, Meireles tem debatido as imposições feitas pelo processo de globalização à produção cultural e artística. Entre as quais, se destaca a gradual homogeneização de tradições diversas do mundo, supostamente recalcadas ou suprimidas sob a hegemonia das culturas européia e norte-americana. Marulho discute a existência de espaços físicos e políticos híbridos através de uma estrutura que se assemelha a um píer, de onde se observa livros que cobrem inteiramente o chão com fotografias de mares e oceanos. Para reforçar a idéia de água, há um ruído, que após pouco tempo de escuta, revela ser o resultado da sobreposição da palavra água em línguas diversas, enunciada por pessoas de diferentes idades, gêneros e procedências geográficas. Dessa maneira, o trabalho dissolve aquilo que é próprio a cada povo em um som que não é de nenhum deles em particular, invocando mares e oceanos como espaços de trocas simbólicas e de negociação de diferenças que não possuem, entretanto, a concreção que a noção de território comumente requer na construção de narrativas de identidades.
João Maria Gusmão e Pedro Paiva Os artistas portugueses exibem pela primeira vez no Brasil seis filmes 16 mm, de curta duração, em que abordam questões científicas ou pseudo-científcas predominantes no século 19. A idéia é refletir sobre as formas de entendimento do mundo com muita ironia e bom humor. As narrativas, beirando o absurdo, propõem uma reflexão acerca de teorias da época, como o hipnotismo e o magnetismo. Além dos vídeos, trazem também uma instalação em que duas velas fazem um interessante jogo de sombras.
Francis Alÿs, em colaboração com Cuauhtemoc Medina e Rafael Ortega Francis Alÿs demonstra em sua obra atenção extrema ao contexto físico e social em que se desenrola a vida. No trabalho Cuando la fe mueve montañas, criado para a Bienal de Lima, em 2002, Alÿs e seus colaboradores Cuauhtémoc Medina e Rafael Ortega mobilizaram voluntários para realizar uma ação que confrontava a crise política e social vivida no Peru naquele ano. Distribuídos ao pé de uma duna de areia com cerca de 500 metros de diâmetro e localizada nas cercanias de Lima, os 500 voluntários moveram montes de areia de um lado ao outro. O resultado do esforço conjunto foi a movimentação de alguns centímetros da duna. A impossibilidade de repetir a ação, empreendida em resposta a um contexto irreplicável, não significa restringir a ação para os relativamente poucos que o testemunharam. Pensando nisso, os artistas veiculam o trabalho através de meios discursivos diversos – relato oral, desenhos, fotografias e o vídeo que será exibido durante a 6ª Bienal do Mercosul. Assim, o trabalho distende sua permanência temporal e se desdobra em formas de existir distintas daquela em que foi concebida.
Rivane Neuenschwander Na instalação Continente-nuvem, o visitante tem sua atenção atraída pela movimentação constante, sobre o teto translúcido, de algo que se agrupa em blocos distintos, compondo manchas de formas irregulares e de bordas bem definidas, apenas para, no instante seguinte, desmancharem-se como se em busca de novas proximidades e de limites não conhecidos. Os trabalhos que compõem a série Carta dágua são feitos de pequenos mapas de papel que deixados sob a ação prolongada da chuva são parcialmente dissolvidos pela água. Abdicando ao controle pleno sobre a formalização dos trabalhos, a artista cria uma metáfora sobre a impermanência das fronteiras simbólicas e físicas de territórios. Sugere também a representação de uma geografia que é não somente dinâmica, mas que, por vezes, parece também ruína e lugar vago.
Conversas
Exposição inovadora que explora as relações entre os artistas contemporâneos do Mercosul e o cenário artístico global através de diálogos entre obras de arte. São nove núcleos de conversas que estão distribuídos nos armazéns A3 e A4 do Cais do Porto. O primeiro artista de cada núcleo é escolhido pelo curador. O artista, por sua vez, escolhe dois outros artistas que dialogam de alguma forma com seu trabalho. A partir dessa escolha, o curador escolhe outro artista para fechar o ciclo. Um detalhe curioso é que alguns artistas escolheram outras formas artísticas para dialogar com seu trabalho, como a literatura, o cinema e a música.
Equipe de curadoria: Gabriel Pérez-Barreiro e Alejandro Cesarco
Núcleo 1 Pablo Chiuminato
Escolha do artista: vitrine com livros e Adolfo Couve
Escolha da curadoria: Katie van Scherpenberg
A obra de Pablo Chiuminato (sem título, 2006) é um óleo sobre tela, que registra uma paisagem quase imperceptível. Remete às questões de percepção, transcurso do tempo, do olhar sensibilizado para ver as coisas de uma forma diferente. O artista escolheu sua estante de livros porque acredita que sua principal influência vem deles. Conheceu grandes obras e grandes artistas através dos livros, suas referências pessoais. A vitrine mostrada vai conter 14 livros da sua própria coleção, de artistas que o influenciaram: Frederic Edwin Church, Hiroshi Sugimoto, Emile Nolde, Gerhard Richter, Michael Biberstein, Joan Nelson, Philippe Cognée, Joseph Mallord William Turner, Claude Monet, Caspar David Friedrich, Edward Hopper, Georges Seurat, Mark Tansey e Giorgio Morandi. A tela de Adolfo Couve (sem título, 1987) lida com questões semelhantes de passagem do tempo. A obra de Katie van Scherpenberg (Igarapé, 2003) lida com as questões do tempo de uma forma um pouco distinta, mas com a mesma temática. A artista morou na Amazônia e esta obra é deste período. Ela deixa o tempo agir na sua obra, utilizando materiais que vão se transformando na medida em que o tempo passa.
Núcleo 2 Fernando Lopez Lage
Escolha do artista: Terrence Malick e uma arquibancada
Escolha da curadoria: John Baldessari
A obra de Fernando Lopez Lage – (4) Cuadrantes 2006 – questiona a espetacularização das coisas. Ele escolheu um filme do cineasta Terrence Malick – The thin red line, 1998 e uma arquibancada. Como forma de questionar o sistema, mostra um filme hollywoodiano de crítica da Guerra e coloca em espetáculo a obra de arte. Para dialogar com a escolha do artista, a curadoria elegeu o filme I am making art, 1971, de John Baldessari.
Núcleo 3 Liliana Porter
Escolha da artista: Leopoldo Estol e Sylvia Meyer
Escolha da curadoria: Ceal Floyer
Liliana apresenta a obra Trabajo Forzado – forced Labor (rope), 2006, que traz um emaranhado de fios e, na ponta dos fios, um mínimo cowboy. Traz uma abordagem minimalista de uma forma mais cômica. Traz para o diálogo um poema de Leopold Estol, intitulado Gramática estendida: Em um pequeno quarto, esticam-se fios, de ponta a ponta, atando tudo o que está por atar. A cadeira à mesa, a mesa ao livro e a caneta que sobre ela repousa. Desde a caneta, o fio cruza o quarto em diagonal até a esquina em que a biblioteca está, atando, um por um, todos os livros. Daí parte para o batente da janela e, em seguida, ao armário em que ata, com uma só volta, as roupas ali penduradas. Depois as gavetas, uma a uma. O rádio sobre o criado-mudo, o criado-mudo, a lâmpada, a caderneta e, um pouco mais adiante, um par de sapatos. Dias mais tarde, à noite, um movimento brusco balança o fio. Ele tropeça e, assim como suas coisas, cai.) O poema também reflete acerca das conexões, como se fosse a obra visual de Liliana em palavras, com uma poética diferente. Sylvia Meyer é uma compositora uruguaia e sua música escolhida chama-se Loco da atar, de 2007. Sylvia trabalha seguidamente em parceria com Liliana. A escolha da curadoria é um vídeo da paquistanesa Ceal Floyer (Ink on Paper, 2002), que mostra uma caneta tinteiro borrando um papel, cuja mancha se espalha aos poucos. Novamente, uma reflexão acerca das ligações.
Núcleo 4 Waltercio Caldas
Escolha do artista: Milton Dacosta e Steve Reich
Escolha da curadoria: Jesús-Rafael Soto
Em O ar mais próximo, 1991, Waltércio Caldas organiza o espaço de uma sala utilizando nada mais que alguns fios que vão de uma parede à outra. A obra é literalmente um desenho no espaço, um desenho que, portanto, se converte tanto em escultura quanto em arquitetura. A obra, que foi montada uma única vez em Nova Iorque, vai ser remontada na Bienal. A reflexão aqui é referente às questões de espaço, como modificá-lo de uma forma radical com um mínimo de recursos. Para isso, o artista escolheu três telas da fase mais concreta de Milton Dacosta e uma música do compositor minimalista Steve Reich, que repete diversas vezes o mesmo elemento, modificando algum aspecto e retomando-o. A curadoria escolheu uma instalação de Soto, através da qual se pode enxergar o outro lado da sala.
Waltércio Caldas participou da 1 e a da 5ª edição da Bienal do Mercosul. Jesús-Rafael Soto esteve na 1ª Bienal do Mercosul. Milton Dacosta participou das 2ª e 5ª edições da mostra.
Núcleo 5 Álvaro Oyarzún
Escolha do artista: Josefina Guilisasti e Magdalena Atria
Escolha da curadoria: Peter Fischli e David Weiss
A obra de Álvaro já foi apresentada no Blanton Museum, no Texas – uma parede de 4m x 10m com centenas de desenhos diferentes. Cada vez que é remontada, é disposta de uma forma diferente e ganha uma titulação diferente.
Magdalena Atria (Una vez, cada vez, todas las veces II, 2007) utiliza massinha de modelar para montar grandes pinturas. Poderia se dizer que ela esculpe suas pinturas, mas o resultado não é um híbrido entre escultura e pintura, ele se guia pelas expectativas que se tem com relação à pintura. O interessante do trabalho desta artista não é como rompe as fronteiras da pintura, mas com as expande.
Josefina traz a obra Bodegones, de 2006. Peter Fischli e David Weiss trazem o vídeo The way things go, de 1987.
Núcleo 6 Laura Belém
Escolha do artista: Jennifer Allora & Guillermo Calzadilla e Sara Ramo
Escolha da curadoria: Walid Raad
Laura Belém (Ainda outono, 2005-2007), altera e completa a realidade com as suas nostalgias. Rodeada de plantas tropicais que não perdem folhas, Belém tem saudades (da possibilidade) do outono, de seus marrons e suas folhas caídas. Para compensar isso, ela fabrica folhas de papel marrom que se integram perfeitamente às plantas, criando a impressão de um outono impossível. É um paralelo com os algodões brancos utilizados para simular a neve nas árvores de natal dos países onde em dezembro é verão e a neve é desconhecida. Neste caso, a nostalgia se mistura com a fantasia ou passa para fantasia pura.
Nas fotografias de Allora e Calzadilla, o reflexo do sol poente não vai até a máquina fotográfica, como ocorreria na realidade, mas vai até a pessoa que está observando o pôr do sol e está sendo fotografada. Na interação com a realidade, há muito poucas situações que podem ser consideradas personalizadas. A pessoa caminha com a sua sombra, não com a de outro, a pessoa vê o seu reflexo ao se olhar no espelho, e, no pôr do sol sobre o mar, os raios são nossos, e se outra pessoa olha para o mesmo pôr do sol, verá raios indo a sua direção. Nas fotografias, os raios pertencentes à Allora e Calzadilla passam, de forma impossível, a pertencer à pessoa fotografada.
Sara Ramo (Entre a chuva e o boneco de neve, 2005) e Walid Raad (I Only Wish That I Could Weep – Operator # 17, 2000) repensam as mesmas questões.
Núcleo 7 Letícia Obeid
Escolha do artista: Lux Lindner e Nesrine Khodr
Escolha da curadoria: Annika Ström
Obeid traz para a Bienal a obra Una curva gigante se vuelve recta, de 2006. A obra dialoga com Colonizador (2005), de Lindner, Enclosures (2004) de Khodr e All my dreams have come true (2004) de Annika Ström.
Núcleo 8 Fernanda Laguna
Escolha da artista: Jorge Gumier Maier e Cecilia Pavón
Escolha da curadoria: Alberto Greco
Fernanda Laguna e Cecília Pavón trabalham juntas eventualmente. As duas fundaram, em Buenos Aires, o espaço de arte Belleza y Felicidad e realizam eventos de música, poesia, performance e outras expressões. Desde 1998 dirigem a editoria de poesia e conto do mesmo nome.
Com seus “vivo ditos”, Greco tirou a importância que tradicionalmente se coloca no objeto de arte e a direcionou para o ato de designar algo como obra de arte. Greco assinava as pessoas na rua (como um artista assinaria um quadro) ou apontava as coisas com seu dedo e as declarava arte. Assim como uma moldura obriga-nos a olhar o emoldurado como algo artístico, ou a apresentação de alguma coisa em um museu de arte nos faz supor que o exposto é arte, a assinatura de Greco ou o ato de apontar com o dedo levam a esse mesmo resultado. O artista participou da 1ª Bienal do Mercosul.
Núcleo 9 Osvaldo Salerno
Escolha do artista: León Ferrari e Beatriz González
Escolha da Curadoria: Alejandro Paz
Salerno achou na rua uma construção artesanal (Las torres gemelas, 2004-2005) da qual gostou e decidiu que funcionaria como obra de arte. Como Salerno é um artista estabelecido, usou a oportunidade do seu convite à Bienal para expor este objeto. A sua obra, neste caso, não tem nada a ver com o objeto de fato ou com sua aparência. A obra de Salerno acontece a partir da utilização do poder (reconhecimento) que ele acumulou em sua trajetória como artista para poder introduzir um objeto feito fora dos círculos da arte no circuito artístico e fazê-lo visível.
Para dialogar com esta obra, o artista escolheu Leon Ferrari (Bombardero, 2002) e Beatriz Gonzáles (Zócalo de la tragedia, 1983). A curadoria escolheu o artista Alejandro Paz.
Salerno participou das 1ª, 2ª e 5ª Bienais do Mercosul. Leon Ferrari teve seu trabalho exposto na 1ª e na 4ª edição.
Projeto museográfico
As obras de preparação dos Armazéns destinados à Bienal do Mercosul começaram no dia 27 de junho. A Bienal ocupa cerca de 10 mil metros quadrados da área do Cais do Porto, o que inclui os Armazéns A3, A4, A5, A6 e A7.
Desenhado a partir das definições da curadoria, o projeto museográfico da 6ª Bienal do Mercosul apresenta uma transformação visual inédita nas áreas internas dos Armazéns e no seu entorno, com o objetivo de ampliar as possibilidades de relação do público com as obras que estarão expostas. A museografia partiu do próprio conceito curatorial, que propõe a metáfora A Terceira Margem do Rio como símbolo para uma mudança de perspectivas e a possibilidade de um diálogo entre dois sujeitos com vivências diferentes que gera uma terceira realidade. Segundo o curador geral da exposição, Gabriel Pérez-Barreiro, esta é uma posição a ser adotada ao tratar a relação entre arte e público: o diálogo deve ser um gerador de alternativas, fruto de constante negociação entre artista e arte, objeto e espectador e espectador e o ambiente ao seu redor. Este conceito é enfatizado pelo Projeto Pedagógico da 6ª Bienal do Mercosul, grande diferencial desta edição e que norteia uma inovadora reconfiguração no modelo da Bienal e em suas ações educativas. Para tanto, o projeto curatorial sugere a criação de ambientes mais fechados e íntimos, que auxiliam no processo de aproximação e reflexão por parte do visitante. As áreas de convivência espalhadas em toda a extensão dos espaços expositivos também foram apontadas pela curadoria como espaços que permitem a reunião de grupos para descanso e debate, tornando a experiência de visitação mais agradável e construtiva. Além disso, a terceira margem é uma metáfora da geografia regional do Mercosul, definida por fronteiras pluviais. Por isso, o projeto de museografia propõe espaços voltados para o Guaíba, valorizando a contemplação e o resgate do rio. Sendo assim, a exposição se expande para as suas margens, numa alusão à proposta curatorial.
A entrada principal da Bienal do Mercosul vai ser montada no alpendre existente entre os armazéns A3 e A4. A área vai abrigar, ainda, recepção, loja da grife Bienal, café, áreas de convivência, área de relacionamento para patrocinadores. A área de relacionamento institucional da Fundação Bienal, sala de imprensa e salas de estar ocupam uma parte do Armazém A3, que vai contar também com um deck externo. Outra parte deste armazém é destinada à infra-estrutura do Projeto Pedagógico: auditório, sala de aula, biblioteca, sala para professores, ateliês e painel para exposições de trabalhos dos alunos.
Os Armazéns têm layout interno diferentes entre si. Os elementos para a expografia foram incorporados de acordo com as características de cada obra de arte e as solicitações dos artistas. Foram avaliadas as demandas específicas de som, luminosidade e área de cada obra. O resultado é um projeto que valoriza a criação de perspectivas e sensações nos caminhos a serem percorridos dentro dos espaços para visitação.
No MARGS Museu de Artes do Rio Grande do Sul, que abriga as mostras de Oyvind Fahlström e Francisco Matto, o destaque fica por conta dos jogos de cores e tons terrosos e uma museografia que impressiona. No Santander Cultural, espaço que abriga a obra de Jorge Macchi, a expografia atende aos detalhes do interior, fazendo com que obra e ambiente tenham uma espécie de integração.
O atendimento às necessidades de infra-estrutura para o Projeto Pedagógico da 6ª Bienal levou à criação de 20 estações pedagógicas interativas, construídas ao lado de obras escolhidas, atendendo ao conceito criado pelo curador pedagógico Luis Camnitzer. Acontecimento totalmente inédito em bienais, a criação das estações pedagógicas vai permitir que o público tenha acesso aos processos que levaram o artista a produzir a obra e interagir com ele.